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Friday, October 19, 2007

Um minuto de Ira em dias de reflexão


Permitam-me parar com esse processo passivo de aceitação, em realidade, permitam-se em não aceitar tudo que lhes é fornecido de forma recortada para uma rápida assimilação da idéia alheia. Passei por breves momentos de reflexão e responsabilidade que não me permitiram continuar com os devaneios neste espaço chato, porém uma asía incontrolável ocupou meu estômago ao ler me deparar com uma manchete em uma já conhecida revista de circulação nacional. Nesta, Che Guevara – esse tal revolucionário que nos vem a mente quando pensamos em Bolívia, Cuba, em petistas, ou pessoas alternativas – era claramente denominado como um farsante por céticos que alegam o conhecimento da sua real história.
Resolvi então ler a reportagem. A cada página folheada, pérolas e mais pérolas se encontravam impressas nesse que intentava ser um artigo definitivo na destruição do mito do argentino rebelde. Como um exemplo, cito as imagens expostas de Guevara ora esfarrapado e sujo, após a sua captura por soldados bolivianos e membros da CIA, ora morto e maltrapilho, sendo exposto pelos mesmos, como um caçador exibe seu troféu com orgulho. Pode se citar também frases expostas na reportagem que colocam o cubano como um homem que teme a morte na sua eminência – diferentemente de todo homem, é claro.
O objetivo dessas fotos, como de toda reportagem é destruir a imagem mística do revolucionário, expondo fotos e afirmações constrangedoras deste, como se dessa forma sinalizassem para a massa inculta e rebelde que o aclama, a mortalidade e humanidade do deus vermelho. Ora, os redatores demoraram décadas para perceber que Che não era um espírito errante, mas sim um humano com um ciclo fisiológico comum? E o pior, apostaram na difamação do ídolo como forma de elimina-lo do ideário dos mais jovens “comunistas”, fazendo questão ainda de lembrar os leitores de que como Che, o comunismo também acabou na década de 80. (Muito obrigado pela lembrança, mas vale recordar que, todo tipo de ideologia contrária ao capitalismo também desapareceu, e a muito tempo antes da década de 80).
Se o objetivo era desmistificar, os editores cometeram um ledo engano. O que faz um Deus, ou um ídolo não são somente suas ações e lendas em torno da sua figura, mas a própria incerteza quanto a veracidade de suas ações, que propriamente se tornam lendas. Isto é, ao se reproduzir fatos sobre Che, apoiados no discurso de pessoas que viveram o momento, o que se cria é um burbúrio é um consenso de que este não foi um mártir dos ideais comunistas na época, mas ainda o é, posto que sua imagem ainda é motivo de preocupação para a mídia extremista e conservadora.
Não me entendam aqui como um comunista revoltado, ou como um conservador dando o receituário para os críticos direitistas, somente acredito que a revista divulgadora da reportagem, já conhecida pelas bobagens publicadas, endureceu e perdeu a ternura, fazendo um ataque baixo e amador às bases do que considera esquerda, e ao faze-lo deixou claro que ainda acredita na existência do temeroso comunismo. A minha mais sincera opinião versa sobre a morte do comunista revolucionário, e de seus ideais, no exato momento que a sua imagem se torna alvo especulação capitalista, se tornando uma mercadoria de nicho e mercado pré-definidos, dando asas a marcha capitalista. Fica claro que, nesse sistema o endurecimento somente serve para vender a ternura , sendo esta consumida por todos de uma forma alienada... conspícua.

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