O público e o íntimo

A lógica é simples, Cicarelli teve um fim de tarde picante com seu namorado, aos moldes gregos, regados ao vinho de Baco, e o pior, em plena praia pública, lugar em que a qualquer momento poderia correr o risco de ser pega – mas tudo bem, o risco de serem flagrados aumenta o tesão de ambos. O problema é que foram pegos pela malha fina de um espanhol tarado que ali filmava o vídeo que hoje se torna lenda, sendo mais visto que Casablanca e Tróia, sendo conhecido como o único vídeo que travou todo o “youtube” para o Brasil.
A ordem de bloquear o acesso ao site partira de um juiz por pedido dos advogados da modelo, atriz manequim explícita internacional, visto que expunha esta ao ridículo em âmbito nacional. Pergunto eu, o que a expunha ao ridículo? Nada mais que o ato espontâneo desta de “ser amada” na praia (pública), ato este que fora filmado (ingenuamente, até que se prove ao contrário), e ai sim o crime: colocado em um ambiente público.
Nesse caso, quem deveria ser o réu da ação seria o cineasta espanhol, que não possue semelhança alguma com Almodóvar, e não a organização do site de entretenimento, e em última análise nós, os entretidos. O “youtube” recebe milhares de visitas diárias, e o seu bloqueio tende a prejudicar a entidade financeiramente, a qual posteriormente irá exigir o ressarcimento de seus prejuízos.
Pensando de uma maneira mais crítica – e chata – quanto mais se divulga um produto, a tendência é que mais consumidores procurem por esse, mesmo que só por curiosidade, e isso tende a ser mais intenso quando o produto está disponível gratuitamente na web, como vídeo em questão. Dessa forma nossa consagrada atriz, modelo, manequim, ex, indiretamente gera uma imagem ruim ao redor da sua figura, quando o forte de sua profissão é necessariamente ao contrário, a bel gestão da imagem.
Com tal ação altruísta, Cicareli impossibilitou milhões de brasileiros de acessarem o site, gerou publicidade em âmbito global ao redor de seu vídeo. Finalmente encontrei alguém mais chato que eu.